domingo, 17 de julho de 2011

Manchas

Aquilo que calo também me mata. O que falo também magoa.
Das palavras que mancham o papel, poucas expressam o que sinto. E o que sinto, não sei se posso dizer.
De cada silêncio aprendo um pouco da alma, da minha alma, da alma dos outros.
De cada olhar fixo o momento. O momento em que vi algo que não foi, e nem será dito. De cada lágrima vertida retiro o segredo, o segredo das palavras que se perdem no vento, que perdem no coração.
De cada página compreendo a história. Histórias que não cabem em livros. Histórias sem fim, histórias alegres e dolorosas, mas que papel algum poderá guardar, que lápis algum saberá transcrever, que boca alguma poderá falar, que ouvido algum compreenderá, que poucas almas saberão.
Histórias que vejo no brilho de um olhar, no tremor de algumas mãos, nos lábios que calam, no vento que me traz sua voz ainda que ninguém mais possa sentir.
Palavras que são apenas manchas diante de tudo o que é possível viver. Manchas que jamais serão apagadas, pois que estão gravadas onde ninguém jamais conseguirá chegar: no fundo de uma alma cansada de verter lágrimas e palavras que poucos querem compreender.

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