domingo, 8 de maio de 2011

Capas




Por vezes, no fim da tarde, sentada em uma velha cadeira na varanda de casa, observando as folhas que caem das árvores, penso em como a vida poderia ter sido caso algumas escolhas tivessem sido feitas. Como uma simples atitude poderia ter feito a diferença... Poderia mesmo haver essa diferença?

O vento me lembra que ainda estou ali, e que em breve o sol terá se posto. Entro e sento nos braços de uma velha poltrona na sala. Olho pela janela. Um gato roça minhas pernas.

Olho para outro canto. Minha estante repleta de livros. Livros que fizeram minha vida, que completaram meus dias, que criaram personagens novos. Que me fizeram parar ou seguir em frente. Sempre me dei bem com as palavras. E não muito bem com as pessoas.

Levanto-me e acaricio as lombadas de meus livros. Para onde irão após o meu fim? Alguém sentirá por eles o mesmo que eu? Terão um dia a importância que têm para mim?

Não importa. Nada mais importa.

A esta altura não devo mais me preocupar com isso. Não mais. Toda história tem seu fim, afinal. E a nossa não será diferente, penso.

Olho novamente pela janela. Encosto a mão no vidro e depois, a testa.

Olho para trás. Suspiro.

Assim como a capa de meus livros, minha vida perdeu a cor e o brilho. E não há restaurador para esse tipo de coisa.