segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sobre o silêncio

A propósito da discussão sobre o direito de expressão, uma frase tem martelado minha mente. Algo que ouvi - pela primeira vez - há muitos anos na escola: "posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-lo".
Críamos que o direito der se expressar era algo que já não podia ser contestado, mas não é o que vemos.
Posso ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo (como realmente, sou), mas se for contra devo manter-me calado.
Quando alguém se manifesta contrariamente a esta questão - e a muitas outras - é massacrado.
Não defendo, em absoluto, a posição de pessoas que vieram a público criticar, negativamente, os homossexuais, por exemplo. O que questiono é o peso da imposição de silêncio para a discussão, para o desenvolvimento intelectual. É como se um professor pedisse um trabalho sobre um assunto qualquer e desse notas baixas a quem discordasse dele, de suas próprias ideias, ainda que o aluno tivesse feito um trabalho excelente.
Como estimular discussões, aprimorar ideias, alimentar debates construtivos se silenciar todo aquele que discorda de mim?
A violência, a discriminação, isso deve ser combatido - e punido. Mas, creio eu, não se alcança sucesso silenciando o diferente. Fazer isso, a meu ver, é repetir os erros que levamos séculos para banir. É o mesmo que condenar à fogueira o que vê deus de uma maneira diferente da visão dominante.
Calar o outro - por mais que esse outro tenha ideias que nos desagradem - não faz desaparecer o problema. Em alguns casos pode alimentar uma bomba que poderá explodir a qualquer momento, causando imenso estrago...
Deverá haver limites? Acredito ser perigoso cair neste mérito. Será, sim, preciso usar de bom senso, mas que isso não signifique o emudecimento dos contrários.
Que o silêncio venha da reflexão, não da imposição de alguns.

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