domingo, 26 de abril de 2009

Outro dia

Tão cansada que não sabe mais se passa ou se sempre foi assim.
Seus dias demoram, parecem ter mais de 24 horas. Suas noites ao contrário parecem ser curtas demais, dando a impressão que nunca é possível descansar de verdade.
As horas de descanso parecem não mais existir. Todos os seus atos parecem movidos por uma mecanicidade surpreendente.
Amizades. Sente não tê-las mais.
Seu sorriso parece uma máscara. Não sente mais como se fosse o natural. As próprias lágrimas, que julga ser sua única forma de desabafo, parecem-lhe fugidias.
Há tempos atrás - que também parece ser tempo demais - tinha a impressão que não era assim.
Pega-se por vezes sorrindo para a parede em frente. Sabe, claro, que ouviu um comentário engraçado, mas sente que não lhe toca, nem o engraçado nem o trágico.
Como se todo o corpo tivesse entrado em um estado de torpor, não sente mais nada. Ou quase nada.
Sente essa agonia infinita, esse descontentamento com qualquer coisa que outrora parecia ter fim. Essa mesmice e a aparente impossibilidade de resolução de coisas simples.
Perde-se em devaneios. Perde-se em dúvidas.
Será que todos sentem assim?
Será que foi possível aprisionar-se em seus medos e dúvidas e ter esquecido a chave para fugir disso tudo?
Poderia talvez decidir mudar as coisas. Mas muitas vezes olha-se e decide que não há mesmo solução. Que tudo isso é enganação, que a verdade está atrás do falso sorriso que julga ter visto num rosto conhecido.
Suas certezas deixaram-na. Ou acredita, por vezes, que isso aconteceu.
Presa nesse mar infinito de escuridão duvida que esteja acordada. Abre seus pequenos olhos e acredita que é mais um pesadelo. Que logo irá passar.
E o súbito susto lhe pega quando reage da mesma maneira incompreensível. Violência, medo, raiva. O que seria isso?
Não sabe.
Fecha os olhos e pela face rolam quentes lágrimas que não sabe definir que sentimentos poderiam expressar, mas que ao fim parecem tirar de suas costas aquele peso invisível.
Seguirá mais um dia em busca de suas respostas. Talvez devesse olhar para outro lado, mas o que dizer a quem está cansada de ouvir? Se ao menos falasse, talvez encontrasse ajuda. Mas também está cansada de falar. E de ver, e sentir.
Quando o novo dia chegar, certamente fará propostas que no fundo já acredita não ser capaz de seguir, mas fará assim mesmo.
Afinal, ao nascer do sol, olhará pela janela e acreditará, por minutos que seja, que há possibilidades também para ela.

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