segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Pandora



Bom, eu escrevi há alguns dias sobre meu gato mais velho, o Boris, e comentei que iria escrever sobre todos, por eis que chegou o momento de falar sobre a esposa dele, a geniosa Pandora. Pela cara dela já da pra imaginar a ferinha né?
Vamos então pelo começo.
Eu morava em um conjunto residencial e só tinha o Boris. Mais de 2500 habitantes no conjunto. O Boris nessa época, por ser o único, ia comigo pra cima e pra baixo, sempre no colo como um bebê - que realmente ele é.
Um belo dia, estava voltando de mais um passeio com ele e fui parada por uma senhora que parecia mais uma louca. Me fez todas as perguntas possíveis sobre os cuidados dados ao meu filhote e se eu amava muito os felinos etc.
Passado esse ocorrido, tudo ia muito bem, arrumei um emprego integral - anteriormente trabalhava meio período e depois ia para a universidade.
Meus vizinhos mais próximos quando me encontrava no corredor reclamavam que o meu gato miava demais. Óbvio que eu tinha notado que depois que comecei a trabalhar em tempo integral o comportamento dele mudou. Estava tristinho e infinitamente carente.
Numa noite, voltando da universidade, o porteiro me parou e disse: "a mulher do bloco D quer falar com você." "Comigo?" "É. É sobre o seu gato." E eu meio louca pensei... meu Deus... como é que ela ouve o miado dele se eu moro no bloco O???
Resolvi falar com a tal mulher. Dei de cara com a doida do outro dia, a do interrogatório. Ela disse que tinha uma gata peluda e branquinha como o Boris e que queria me dar porque - essas palavras são minhas - o imbecil do marido dela batia na gata, chutava ela etc.
Meu queixo foi ao chão. Porque alguém pega um animal pra fazer esse tipo de coisa??? Mas não disse nem sim e nem não na hora. Voltei pra casa. Sabia, no fundo, que eu ia pegar a gata. Não tinha jeito, como eu poderia viver se deixasse ela lá, sofrendo? Ao mesmo tempo me preocupava com os gastos.
No dia seguinte voltei à casa da mulher e disse que levaria a gata comigo. Ela me disse que o nome dela era Pandora. Era gordinha e tinha 6 meses. Saí de lá e levei-a à veterinária que cuidava do Boris. Ela tomou um belo banho, vacinas e anticoncepcionais, porque em função da minha situação o que eu não poderia ter era uma ninhada!
Pandora voltou pra casa e o ciúme foi o primeiro sentimento que recebeu do Boris, que a impedia de chegar até o prato de comida. Aliás, ele sentou na entrada do corredor e só no dia seguinte deixou ela passar livremente sem precisar de minha intervenção. E foi aí que começou um amor.
Boris e Pandora passaram a fazer todas as bagunças do mundo. Derrubavam tudo o que estava na frente e corriam feito loucos, felizes da vida. Boris parou de chorar e os vizinhos de reclamar.
Nos primeiros dias era preciso carregá-la e segurá-la na cama pra que ela entendesse que na minha casa ela podia fazer qualquer coisa que não sofreria maus tratos.
Ela abusa um pouco da gente, chega perto do Boris, recebe as lambidas de carinho e quando acha que já foi suficiente, bate nele, que não reclama. Pede meus carinhos e se acha que não está de seu gosto me morde. E se por acaso eu encho os pratos calmamente, ela grita como se dissesse "escuta aqui sua lesma, isso é pra hoje!!!" É toda durona, e metidinha. Ninguém a faz ficar com uma cara de bebê. Não. Ela é a rainha do lar. Tem plena consciência disso. Impõe as regras e todos obedecem, a começar pelo marido.
Adora ser penteada, elogiada, e morre de ciúmes de qualquer gato que se aproxime do Boris.
Lembro-me de um dia em que morava numa casa, e deixei-os passear um pouco - e com supervisão - e o Boris conheceu um gato da rua e logo foi fazer amizade cheirando e beijando o novo amigo, assim que a Pandora viu saiu furiosa e botou o estranho pra correr.
Ela está sempre séria, e as coisas mais legais que ela costuma fazer é de manhã "falar" com os passarinhos que estão na árvore (enquanto ela está do lado de dentro, sentada na janela), correr até o banheiro quando me vê entrar e gritar pelo carinho, e deitar para beber água.
Apesar de não ser dada à expressões de carinho, ela é meu outro amor.
E certamente, o amor do Boris. E quando tiveram os filhotes a felicidade se completou, mas essa é outra história...

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