sábado, 31 de janeiro de 2009

Os sonhos de meu pai

Sempre julguei incrível a capacidade do cérebro de "criar" coisas "absurdas", principalmente quando dormimos. Criar e aburdas estão estre aspas porque há que diga que o cérebro apenas reproduz o que já conhece, portanto não poderia chamar os sonhos de "criações absurdas" muito embora eu, cá com meus botões, duvide um pouco disso.
Claro que algumas associações são incrivelmente assustadoras, como uma vez que sonhei que minha gata Pandora caía da janela de meu apartamento no quinto andar - e acordei bem assustada. Olhei para a janela e lá estava a pilantrinha, talvez calculando o pulo para chegar ao térreo.
Mas lembro-me claramente de sonhar com pessoas que nunca vi, coisas que nunca fiz e outras tantas que duvido ter coragem para fazer. Houve uma vez - sempre morro de rir com isso - que sonhei que morava numa fazenda, e ao ir visitar a fazenda vizinha, percebi que minha casa estava sendo assaltada. E qual não foi a surpresa quando descobri que a gangue de assaltantes era comandada pelo Boris, meu gato...
Foi também um sonho que acalmou minha alma após o brutal assassinato de meu gato Jarbas: ele, uma semana depois de ter ido morar no céu - semana na qual eu não parei de chorar - veio em sonho me dizer que estava bem e que eu não precisava mais sofrer. Foi tiro e queda. Não chorei mais. Sentia a dor da perda mas não chorava.
Mas nada disso se compara aos sonhos de meu pai.
A criatividade idílica dele me surpreende desde a infância, quando pelos cantos da casa ouvia-o narrar seus vôos noturnos por lugares mirabolantes...
Todos os elementos dos sonhos dele têm aquela coisa que faz lembrar a magia.
Ás vezes penso que ele sonha assim, porque no momento de seu nascimento, no natal de 1938, um anjo passou por ele e disse "Eis aqui um belo sonhador". E assim foi, não só durante a noite, mas também, e devo dizer, principalmente, enquanto está acordado.

Ano após ano, ele vem narrando seus sonhos fantásticos. Daqueles que fazem os ouvintes sonharem acordados - como ele - rirem, se emocionarem e desejarem as mesmas experiências...
Sonha com naves espaciais que ele constrói, com carros absurdos nos quais percorre as cidades, com cadeiras voadoras, com gente estranha, com seus shows de tremendo sucesso. Até aí tudo bem, mas há algo nesses sonhos que não consigo identificar,e menos ainda descrever, que é justamente o que os torna únicos.
E sempre após ouvi-lo, desejo que ele não acorde, que passe a vida sempre sonhando. Assim ele certamente é mais feliz.

Um comentário:

  1. Ae Tatti,

    Gostei dessa crônica. O Seu Waldir realmente é um sonhador. Sonhos estranhos, é verdade, mas um sonhador.
    Não por acaso - será que é o tal DNA - eu sou bem parecido com ele. Sonho muito, e a qualquer hora. Dormindo, acordado...

    Besos,
    Tony

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