sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Minha mãe tem medo da chuva

Com uma pitada de misticismo e acreditando naquelas palavrinhas mágicas, há muito conhecidas de algumas mulheres mais velhas, chama-se a chuva. Ela não se demora... sempre vem. Cai como que trazendo aquela paz tão esperada, aquele alívio tão solicitado; impossível não trazer ao rosto uma expressão de leveza, aquela que fazemos quando, depois de passar um certo tempo debaixo de um sol escaldante, finalmente encontramos uma sombra ou a chuva nos brinda com sua beleza...

A brisa que a acompanha é um dos melhores presentes da natureza num dia de verão.

Eis que é chegada a época de festas. Sol ardente num céu extremamente azul. Há algum tempo sem chuva e nenhuma esperança de que ela viesse nos refrescar antes do ano novo. Porque não convidá-la então???

Véspera de natal. É possível sentir-se grudando em qualquer coisa na qual se encoste. Total desânimo... causado obviamente pelo extremo calor. Chamo a chuva, ela que conhece tão bem esse velho ritual. Que venha ao menos trazer um pouco de frescor. E ela vem. Muda o céu em poucos minutos, inunda a alma com suas gotas e com sua tranquilidade. Faz renascer o verde das plantas e o brilho no olhar. A tarde escurece rapidamente, lindos raios brilham naquele incrível céu ora cinza, ora azul escuro. Os ventos trazidos pela chuva tomam conta de todos os espaços; trazem novo fôlego, novo ânimo a tudo o que tocam. Trazem um leve sorriso de tranquilidade às faces avermelhadas pelo sol.

Não dá pra resistir, é preciso ao menos olhar pela janela de tempos em tempos, sorrir e falar daquele acontecimento único. As plantas dançam, tudo ganha movimento, a coloração do céu é um show à parte. Tudo se torna tão mágico! A incontrolável vontade de correr na grama saudando a mãe natureza, com a mesma alegria com que ela nos atende, de simplesmente esquecer que existe todo o resto para apenas vibrar a cada gota sentida na pele. Erguer os braços e sorrir em agradecimento e contemplar toda a beleza que há ali, disponível pra você, pra mim, pra todos... mas minha mãe não aceita. Ela tem medo de chuva...

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